6 de novembro de 2010

COMENTÁRIOS AO ARTIGO DE ALEXANDRE VERSIGNASSI NA REVISTA SUPERINTERESSANTE


Acabei de comentar  este artigo da Superinteressante. Infelizmente, não pude exaurir o assunto, como gostaria, mas publico também no meu blog a resposta. É necessário ler o artigo dele antes de fazer a leitura do que escrevi.

Meus comentários:

Considerei a matéria totalmente parcial. Todo governo que se preze só faz um investimento após uma análise realizada por seus técnicos. Quando enfrentamos a última crise econômica, o governo brasileiro decidiu realizar investimentos ao invés de fazer contenções de gastos, como outros países fizeram. Pois bem, o que foi dito por vários economistas (inclusive por opositores governamentais)? Foi dito que o Brasil iria sofrer conseqüências caóticas porque o governo estava sendo irresponsável etc. Mas, NÃO foi o que ocorreu. Aliás, muito pelo contrário, o Brasil atravessou a crise muito bem e sua economia permaneceu crescendo. Imprudentes foram as análises tendenciosas e meramente especulativas que os economistas e opositores do governo fizeram. Esta notícia de Alexandre Versignassi tem as mesmas características: é tendenciosa e especulativa. O leigo em economia que lê isto, provavelmente, ficará impressionado e se sentirá explorado ou traído pelo governo brasileiro (e esta é a intenção de Alexandre Versignassi, não adianta negar). Mas basta entender um pouco de economia para perceber que a estratégia governamental tem por metas:
1. Não permitir que empresas ESTRANGEIRAS façam a exploração do pré-sal (veja o começo do texto de Alexandre Versignassi). Não há motivo para licitação, afinal, a Petrobrás é a ÚNICA empresa BRASILEIRA que tem condições de explorar o Pré-Sal. Se houver licitação, quem iria concorrer com a Petrobrás? Petrolíferas estrangeiras com certeza, ou o senhor Versignassi duvida disto?
2 FORTALECER a Petrobrás (coisa que até o candidato Serra dizia que pretendia fazer). O próprio texto diz que só o fato de não haver licitação já garantirá uma "economia bilionária" para a Petrobrás.
E quanto ao Estado, Versignassi está equivocado: Ações de Bolsa de Valores têm tanto valor quanto o dinheiro brasileiro, com a única diferença de que o valor é variável de acordo com a situação do mercado. E, quando o senhor Versignassi diz que as ações surgirão "do nada" (ex nihilo), está certo! Afinal, quando QUALQUER empresa faz captação em bolsa de valores, cria ação do nada também! Ou seja, Versignassi apenas OMITIU a informação (valiosa para os leitores leigos) que Bolsa de Valores funciona assim mesmo: uma empresa que precisa de dinheiro faz a chamada CAPTAÇÃO: cria papéis "do nada" e os vende na bolsa de valores a fim de obter o dinheiro com o qual manterá suas atividades. Toda empresa que capta dinheiro na Bolsa de Valores faz isso, eu disse: TODA. Por que? Porque a Bolsa de Valores funciona exatamente para isso... Agora, não é porque elas surgem "do nada" que elas não tenham valor: o valor de cada ação representa uma parcela do patrimônio da empresa. E quanto mais a empresa cresce, a tendência é que o valor da ação aumente.
Ademais, há coisas curiosas em seu texto, como a seguinte: se o senhor aponta dúvidas a respeito da validade* do investimento no pré-sal, dizendo que "o petróleo pode cair demais no futuro", "o pré-sal pode não ter tantos barris assim" etc., que interesse teriam as Petrolíferas (Petrobrás e estrangeiras) em participar de uma eventual licitação? Em outras palavras: se o investimento for uma "aposta, cheia de riscos" (quase que ameaçadora), como o senhor diz, por que haveria tanto interesse e alarde assim sobre a camada do Pré-Sal?
Por tudo isto, sinto muito, mas tenho que dizer: seu texto peca pela tendenciosidade, o senhor esconde os pontos favoráveis e faz questão de tentar apontar pontos desfavoráveis. Rubens Ricúpero disse certa vez que "não tinha escrúpulos" porque o que era bom ele mostrava, o que era ruim ele escondia. Mas Ricúpero dizia isso porque pertencia ao governo. Se Ricúpero fosse da oposição, agiria inversamente: mostraria o que fosse ruim; esconderia o que fosse bom. Mas continuaria sem ter escrúpulos. Portanto, senhor, para brincar com uma música de Cazuza, digo: Versignassi, mostra sua cara! Quero ver quem paga pra você escrever assim! Versignassi, qual o seu negócio? O nome do teu sócio? Confia em mim...

* Em minha resposta no sítio da Superinteressante, cometi o equívoco de digitar "valiosidade". Faço aqui a retificação.